A análise da teoria fundamentada nos dados é um processo sistemático que consiste em várias estratégias flexíveis para construir a teoria sobre o comportamento social através da análise de dados qualitativos sistematicamente recolhidos (Glaser & Strauss, 1967, p. 1). Assim, a teoria está fundamentada nos dados reais. Trata-se, portanto, de uma análise indutiva desenvolvida nas ciências sociais, que enfatiza a importância de desenvolver uma compreensão do comportamento humano através de um processo de descoberta (Mohajan & Mohajan, 2022, p. 17). É tipicamente usado quando não há uma teoria disponível para explicar um processo que ocorre ao longo do tempo, mas em vez de fazer suposições, garante uma visão mais natural das ações humanas dentro de um quadro social (Creswell, 2007). As teorias científicas precisam ser concebidas, elaboradas e verificadas, o que significa que a indução (descoberta de hipóteses), a dedução (tirar implicações de hipóteses) e a verificação (verificar se são uma qualificação ou negação total ou parcial) ocorrem ao longo do projeto de pesquisa.
Charmaz (2016) definiu a teoria fundamentada da seguinte forma: "A GT começa com a teoria indutiva, baseia-se na análise comparativa, envolve a coleta e análise simultânea de dados e inclui estratégias para refinar suas categorias analíticas emergentes".
A análise da teoria fundamentada nos dados é orientada por 7 princípios básicos:
É esse movimento cíclico de coleta de dados, análise imediata e posterior coleta para produzir conceitos a partir dos quais uma teoria evolui que torna a teoria fundamentada única (Pulla, 2016, p. 79).
A análise da teoria fundamentada nos dados é demorada e difícil de conduzir. Requer entrevistas em profundidade de muitos indivíduos, que estão familiarizados com o fenômeno em estudo, e, portanto, há grandes quantidades de dados para gerenciar (Creswell, 2007).
Os pesquisadores da teoria fundamentada desenvolvem interpretações preliminares sobre os dados através da construção de códigos para fragmentos de dados e categorias para clusters de códigos, e então verificam e refinam as principais categorias usando-as para reexaminar os dados coletados antes de definir a categoria, retornando ao local de campo e coletando mais dados, e construindo perguntas focadas para coleta de dados posterior (Charmaz, 2017, p. 2).
Os teóricos fundamentados vão e voltam entre a coleta e a análise de dados, porque a teoria fundamentada é um processo iterativo, onde a coleta de dados desencadeia a análise, e a análise direciona a coleta de dados subsequente com o objetivo de refinar e verificar a análise (Charmaz, 2017, p. 2). Focam-se mais no que está a acontecer do que em tópicos gerais preconcebidos, fazendo comparações ao longo do processo de investigação, descobrindo assim novas propriedades, dimensões, processos visíveis e ocultos. Verificam as ideias teóricas desenvolvidas com dados posteriormente coletados e, finalmente, afirmam as implicações para a prática profissional e as políticas públicas (Charmaz, 2017, p. 3).